De: Adelmir Barbosa
Realizou-se ontem (24/03) na cidade de Crato, o primeiro Encontro da Secult/Crato com a classe artística da cidade. O referido encontro que começou por volta de 13:30h no centro Cultural do Araripe, revelou-se desprovido de sentido uma vez que o objetivo do mesmo não foi, nem de longe, alcançado.
O que deveria ser uma “roda de conversa” e partilha de propostas e anseios da classe artística local, tornou-se uma exposição monologal da missão, da visão e dos quadros constitutivos da estrutura organizacional da nova gestão, que por sinal se manifestaram repletos de núcleos e subnúcleos criados para contemplar um índice excessivo de novos funcionários e coordenadores que, por sua vez, por estarem a anos completamente distantes do fazer artístico da nossa região, desconhecem o trabalho dos artistas, grupos e companhias locais.
Tanto é verdade que uma das integrantes destes núcleos, sendo produtora em um recente evento de artes ocorrido na região, não sentiu embaraço algum em excluir, do referido evento, as companhias de teatro local.
Quanto ao coordenador do Núcleo de Artes Cênicas, o Luciano Santiago, que, salvo engano, é paulistano, manifestou-se completamente desencontrado sem saber direito o que propor, supor ou mesmo instituir. Na verdade, para usar uma expressão popular na nossa Região, ele pareceu “mais perdido do que cego em tiroteio”.
Contudo, uma proposta conseguiu “se fazer compreendida”, dentre as pouquíssimas expostas. Foi a possibilidade de se lançar um edital para selecionar um número ínfimo de quatro ou seis monitores (esse número é incerto, mais uma coisa que não ficou clara) para ministrar aulas e oficinas de teatro, dança e circo em algumas localidades da zona urbana e da zona rural da cidade, durante seis meses, por uma “gratificação” tão irrisoriamente embaraçosa que nem mesmo ele (o Luciano Santiago) teve alento pra divulgar naquele momento. O fato, é que não se percebeu qualquer interesse relacionado a investimento nos artistas, nos grupos e nas companhias locais.
Segundo o convite, divulgado anteriormente no site da prefeitura, o encontro teria a intenção de, promover ”uma roda de conversa com objetivo de estreitar diálogos entre a gestão municipal e os artistas que estarão comemorando o Dia Internacional do Teatro e do Circo”.
Esse encontro se manifestou, entretanto, desastroso e desastrado em seus diversos aspectos. Não houve conversa, partilha ou compartilhamento de anseios, de ideias, propostas, sugestões ou qualquer interesse da gestão pelo que se produz ou se pode produzir pela classe artística local.
Não houve qualquer diálogo, mas somente monólogos da gestão. Os artistas não foram ouvidos. Os poucos que falaram eram constantemente interrompidos com o pretexto do avançar das horas. Constatou-se depois que o tempo não era problema, pois encerrada a reunião houve a apresentação de um espetáculo de duas horas de duração, cuja direção é assinada pelo Luciano Santiago. Bastante conveniente!
Não se pode, entretanto, desmerecer o valor do espetáculo apresentado. Dotado de qualidade, atores bons e seguros, texto interessante, dinâmica movimentação cênica, interação com o público de maneira brincante e respeitosa, et cetera, et cetera, e et cetera. Mas o espetáculo não era o foco do evento de maneira nenhuma. Pelo menos é o que os artistas locais supunham. Sendo consultados sobre essa questão certamente optariam por continuar a reunião e seguir com o debate que era e continua sendo algo premente.
Se o problema era cumprir o horário de apresentação daquele grupo, então que começassem. Os artistas locais tinham assuntos mais urgentes a tratar naquele momento. A não ser que o encontro tenha sido marcado estrategicamente como pretexto para garantir público para o referido espetáculo. E, certamente, é preferível não acreditar nisso, pois a política “panis et circense” jamais será capaz de convencer os artistas do Cariri cujo legado histórico e cultural é referencial para inúmeras regiões do país e do mundo.
Muito sensatas suas observações, Adelmir. Parabéns! Espero que nos próximos encontros consigamos construir diretrizes para as artes cênicas em nosso município. Abraços!
ResponderExcluirTambém espero isso Cacá! As artes de modo geral carecem de incentivo e investimento. E o artista merece o reconhecimento de sua atividade como profissão. Penso, inclusive, que os Gestores Municipais da Cultura deveriam encarar isso como uma meta a ser "perseguida" com extremo afinco. levando, sempre, em consideração que se deve gerir uma Instituição Pública Cultural a partir do princípio de que, incluindo os artístas locais no processo produtivo, investindo no processo criativo dos grupos e das companhias e gerando mecanismos capazes de promover e expandir o processo de circulação dos bens culturais da região por distantes paragens, seria o meio mais digno e adequado de se aproveitar das ricas manifestações das artes locais como elementos constitutivos da identidade do município pelo mundo a fora. Afinal, se tantos grupos são trazidos pra cá, é sinal de que também existe a possibilidade de se levar daqui pra lá. Dessa maneira se efetivaria, de fato, o intercâbio. Enquanto os artistas cratense permanecerem apenas como espectadores e consumidores passivos da arte de fora, sem a devida oportunidade de ser, também, reconhecido, assistido e aplaudido, a ocorrência de intercâmbio, de fato,nunca se processará.
Excluirsou artista e nunca que soube dessa reunião com os artistas, aliás pareçe que arte aqui é só teatro e folclore... ai vou e pergunto, e os 2% que tanto se falou duranta a campanha pra prefeito? e a carta compromisso assinada pelos candidatos? e vejamos
ResponderExcluirquem mediou o movimento
Edelson Diniz
Edelson, como os 2% pra cultura já é algo previsto por lei, espero que logo se torne uma realidade.
ExcluirEdelson, parece que não houve uma divulgação ampla por parte da gestão. Somente por meio do site da Prefeitura. Alguns interessados é que, ao tomar conhecimento, divulgaram timidamente entre amigos via Facebook. Eu mesmo só tomei conhecimento na última hora.
ResponderExcluir